terça-feira, março 11, 2008
UM POEMA TEIMOSO...
Um poema teimoso e uma mente conservadora. O problema é que a mente em questão conserva o que podia deixar sair o que pouco interesse tem nesta fase de vida, e conservar o que agora poderia dar prazer lembrar, como, um pequeno exemplo... um certo bilhetinho branco (um segredo quase só meu). Decorridos que são anos e anos de primaveras, verões, outonos e invernos.
Um simples exemplo: matrículas de automóveis que fizeram parte da minha vida...lembro-as todas desde criança. Um espaço ocupado sem qualquer interesse. Porém, uma há que tenho uma certa vaidade em lembrar. Decorriam os anos 30 e, o Austin beije com uma escadinha para se poder entrar, era MN-55-28!!!
Mas, vamos ao poema em título, que devo ter lido uma só vez, naquela fase da infância em que a mente tem ainda muito espaço para ocupar. Poema esse que, assentou arraiais, e nunca mais me abandonou. Às vezes recito-o, mas só para ver se ainda cá está, e está!
***AS ARCAS DE MONTEMOR***
ENTRE ESCOMBROS, NA RUDEZA DA VETUSTA FORTALEZA,
BATIDAS PELO VENTO AGRESTE,
EMPEDERNIDAS, CERRADAS, HÁ DUAS ARCAS PEJADAS,
UMA DE OIRO, OUTRA DE PESTE.
NINGUÉM SABE AO CERTO
QUAL DAS DUAS ARCAS ENCERRA
O FECUNDO MANANCIAL
QUE FARTARÁ DE OIRO A TERRA MESQUINHA DE PORTUGAL,
OU QUAL, SE MÃO IMPRUDENTE, LHE ERGUER A TAMPA FUNÉRIA
VOMITARÁ, DE REPENTE, A FOME, A FEBRE E A MISÉRIA
QUE MATARÃO TODA A GENTE.
E NESTAS PERPLEXIDADES
E ETERNAS HESITAÇÕES,
TÊM DECORRIDO AS IDADES
TÊM PASSADOS AS GERAÇÕES,
SEM QUE ROMANOS NEM GODOS
NEM ÁRABES NEM CRISTÃOS,
RUDES NA ALMA E NOS MODOS,
DUROS NO ASPECTO E NO TRATO,
CHEGUEM AO DESACATO,
DE LHES TOCAR COM AS MÃOS
QUEDOU-SE...OS BRAÇOS ERGUIDOS,
O OLHAR ATÓNITO E ERRANTE,
SEM SABER DE QUE LADO
VINHA MORRER-LHE AOS OUVIDOS,
UMA VOZ AGONIZANTE, ENTRE AMEAÇAS E GEMIDOS...
Ó POVO DE MONTEMOR...
SE ESTÁS MAL...
SE ÉS DESGRAÇADO...
SUSPENDE...
TOMA CUIDADO...
QUE PODES FICAR PIOR...
E, NESTAS PERPLEXIDADES
E ETERNAS HESITAÇÕES,
HÃO-DE PASSAR AS IDADES,
DECORRER AS GERAÇÕES,
SEM QUE ROMANOS NEM GODOS,
NEM ÁRABES NEM CRISTÃOS,
RUDES NA ALMA E NOS MODOS,
DUROS NO ASPECTO E NO TRATO,
CHEGUEM AO DESACATO
DE LHES TOCAR COM AS MÃOS...
MAQIRA (dito de cor)
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