domingo, dezembro 02, 2007

DEITAR CEDO E CEDO ERGUER...

Domingo, 2 de Dezembro 2007.

Acordei cedo, por volta das 4 da manhã, porque também me aconcheguei muito cedo nas asas de Morfeu. Quando assim me acontece, o sono vem a correr para me cerrar os olhos porque sabe que este é o melhor sono, o mais tranquilo, o que nos faz recuperar as energias perdidas no dia anterior. Dormi...deixei tudo para trás porque o que lá vai, lá vai, sonhei, como se estivesse vivendo uma outra vida, a vida das noites que, a maior parte das vezes, ao acordar já mal lembro. Passada esta fase de descanso, devagarinho vou saindo do meu inconsciente e, logo aquele sabor maravilhoso do café da manhã começa a povoar a minha mente. Porém, só depois de elevar ao alto as primeiras palavras de mais um dia que me foi concedido para viver, só então, volto à posição vertical, e tudo começa. Enquanto preparo o meu tão desejado café com torradas, ligo o rádio, sintonizado sempre na Antena 1, e, está, nesse momento, preciso, a ser transmitido um programa que me obrigou a pegar num papel e numa esferográfica para não esquecer o diálogo que tanto me iria interessar.

Álvaro Garrido, dicção calma, tranquila, fácil de ouvir, sem pressas, professor. começa por comparar o Mundo de hoje a uma Torre de Babel. Gostei e concordei. Entre muitas outras coisas de que falou, outra não deixei de anotar: Portugal, hoje em dia, preocupa-se demasiado com a sua hiperidentidade. Gostei e apludi.

De seguida disse ser um amante do cinema, mas não do cinema de hoje por causa das pipocas... ri e concordei, porque...além de deixarem o cinema em estado de sítio, custam os olhos da cara das vovós porque, a seguir às pipocas não dispensam, os jovens de hoje a tão bebida coca cola da qual eu também já me sinto um pouco viciada.

Álvaro Garrido, professor em Coimbra, dá muito mais valor ao cinema antigo, cinema português, sem o barulho das pipocas e o sorver da coca cola, cinema onde se convivia no intervalo, se trocavem ideias e até se faziam amigos. "VERDES ANOS" foi o filme, feito por Paulo Rocha e apresentado em estreia em Novembro de 1963. Filme este, maravilhosamente acompanhado pela guitarra do nosso Carlos Paredes.

Falou também sobre o Neorealismo dando exemplos bem tristes de vidas tristes, de crianças com fome...e por aí adiante...

Não dei por perdido o tempo que "ganhei" ao tomar conhecimento de factos de valor, por isso gosto da Antena 1. É esta a minha companhia das manhãs também porque não dispenso o diálogo de Ana Mesquita e Júlio Machado Vaz cujos temas não são de perder.

E fico-me por aqui, por agora, antes que tudo desapareça do monitor, como já me tem acontecido várias vezes.

Aos meus amigos, o meu abraço

Adelaide

1 comentário:

A. João Soares disse...

Jovem madrugadora, cheia de energia logo pela madrugada. Merece parabéns e devia também ser invejada (no sentido de modelo) daqueles que passam manhã cama, principalmente ao domingo. Também costumo levantar-me cedo, mas hoje só saí da cama depois das cinco. Muito tarde!
As primeiras horas do dia são, para mim, as de maior energia, por vezes com ideias surgidas no dia anterior e buriladas com mais perfeição durante a noite.
Depois, no decorrer do dia, a energia vai esgotando-se, chegandoi a zero na hora da deita, o que me dá um adormecer quase imediato.
Gostei desta sua descrição, com um retrato muito interessante do mundo actual.
Merece um estudo para se saber como se desceu até à base do monte e para se encontrar a solução para voltar a subir, ao menos para chegarmos à média europeia. Para essa subida há que, no mínimo, deixarmos de nos precupar com ninharias e pensar grande, no essencial, no verdadeiramente importante e construtivo.
Venham os homens de amanhã com coragem para isso. Os de hoje já mostraram, com a obra existente, o pouco que valem.
Beijinho
João